“Ei pessoal,
Ei moçada,
Carnaval começa no Galo da Madrugada!”
Foi assim que começou o nosso carnaval desse ano.
Saímos do Rio bem cedinho no sábado de Zé Pereira, chegamos em Recife por volta de 10h30, deixamos as malas no hotel e fomos direto para o Galo da Madrugada, uma das maiores festas populares do planeta. Chegamos lá “atrasados”; a Avenida Dantas Barreto (rua principal do desfile) e diversas ruas transversais já estavam tomadas por uma imensidão de foliões. Era gente até dizer chega!!!
Foto copiada do site Folha.com |
A idéia inicial era procurar um camarote na hora (e ficar no primeiro que encontrássemos), mas com a quantidade de gente pelas ruas tornou-se uma missão impossível. Depois de alguns minutos espremidos no meio da multidão (e Monalisa quase morrer sufocada) decidimos procurar um lugar mais “tranqüilo” para assistir o desfile dos trios. Achamos um lugarzinho no final do percurso, perto da Praça da República e bem próximo da estrela da festa: o gigantesco Galo com 27 metros de altura sobre uma das pontes do Rio Capibaribe. Com um pouco mais de ar para respirar e espaço, assistimos a passagem de diversos trios e vibramos todas as vezes que eram repetidas as músicas “Voltei, Recife”, “Hino do Elefante de Olinda”, “Hino do Galo da Madrugada” e “Vassourinhas”, a marchinha que vem na cabeça de todo mundo quando se fala em frevo. Aliás é impossível ficar parado quando essa marchinha é tocada no carnaval de Recife e Olinda.
Já era quase final de tarde e com o desfile ainda em andamento, quando decidimos pegar um ônibus e ir para Olinda. Fomos participar do bloco “Eu acho É Pouco”. De novo, ouvimos muito frevo, maracatu, Chico Science, manguebeat e as quatro músicas clássicas do carnaval de Pernambuco (citadas acima). E tudo ainda mais divertido que em Recife. No final da noite, estávamos muito cansados e não fomos assistir os shows gratuitos de Vanessa da Mata e Lenine no Recife Antigo.
Apesar do sufoco inicial, curtimos bastante o nosso primeiro dia de carnaval, mas achamos que duas coisas muito importantes devem ser consideradas para o Galo da Madrugada: chegar às 8h da manhã quando as ruas ainda estão pouco movimentadas e pagar um camarote para assistir os shows (um pouco de tranqüilidade e conforto não faz mal a ninguém).
No domingo e na terça-feira de carnaval, invertemos a ordem das cidades: fomos de manhã cedo para as ladeiras de Olinda brincar nas dezenas de blocos e terminamos o dia curtindo os shows que rolaram no Marco Zero, no Recife Antigo.
Domingo foi dia do bloco “Enquanto Isso na Sala da Justiça”. Olinda estava tomada por pessoas fantasiadas de super-heróis. Estava tão cheio que era praticamente impossível chegar até às concentrações dos blocos. É impressionante como Olinda não para; os desfiles dos blocos começam bem cedo e só terminam muito depois de anoitecer. São tantos blocos que fica impossível contar; é um atrás do outro, subindo e descendo as ladeiras da cidade. Passamos o dia lá. À noite, fomos ao Marco Zero assistir os shows do Marcelo D2 e da banda pernambucana Nação Zumbi.
Na segunda, acordamos bem tarde, aproveitamos uma praia em Boa Viagem e curtimos alguns bloquinhos bem menos muvucados no Recife Antigo. Vimos muitas crianças e grupos de frevo. O Paço Alfândega, galeria que fica na margem do Rio Capibaribe, serviu como um refúgio de descanso em alguns momentos já que estávamos ficando esgotados. No final da noite, tiveram shows de Mart'nália e Jorge Aragão.
A terça-feira gorda foi especial. Acompanhamos o Encontro de Bonecos Gigantes de Olinda com desfile de cerca de 100 bonecões ao som de muito frevo. Seguimos o bloco desde a concentração até a Praça da Prefeitura, onde era impossível continuar de tanta gente que tinha no mesmo lugar. À noite, fomos aos shows de Elba Ramalho e Alceu Valença que estavam bem animados e totalmente lotados.
Na quarta, passeamos pela cidade, fomos no Mercado de São José, na Casa da Cultura e fizemos um passeio de catamarã pelo Rio Capibaribe e 5 de suas pontes, passando pelos principais pontos turísticos. Para quem não sabe, Recife é todo cortado por rios e possui belas pontes, sendo conhecido como “Veneza brasileira”. Exageros à parte, o passeio é bem gostoso e mostra a cidade sob um ângulo diferente. Pudemos ver o Marco Zero com uma nova perspectiva; chegamos pertinho do Parque de Esculturas Francisco Brennand, museu ao ar livre com monumentos e esculturas do artista plástico pernambucano de mesmo nome; vimos o Palácio do Campo das Princesas e passamos sob o “Galo da Madrugada”; dentre outros casarios históricos.
Nenhum outro carnaval é tão popular, folclórico e familiar quanto o de Recife/Olinda. Não vimos nenhuma briga! Todos os dias da festa foram muito tranqüilos; havia muitas crianças, casais e idosos, além de um mar de jovens; é claro!
É também o carnaval mais acessível e barato. Não há espaço para abadas. Todos os blocos e shows são de graça e havia palcos espalhados pelo Recife inteiro com uma programação bem diversificada, incluindo cantores famosos e apresentações de grupos infantis de frevo. E para ficar mais perfeito ainda: as bebidas são infinitamente mais baratas que no Rio de Janeiro (1 latão de Skol a R$2,00 ou 3 por R$5,00).
É só ter muita disposição para encarar o calor e a multidão, esquecer axé e funk porque são gêneros musicais "proibidos" durante a folia pernambucana e ter criatividade para brincar fantasiado nas ladeiras de Olinda.
“Olinda, quero cantar, a ti esta canção,
Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar,
Faz vibrar meu coração de amor
a sonhar, minha Olinda sem igual,
Salve o teu carnaval!”
“Voltei, Recife,
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço...”
“Olinda, quero cantar, a ti esta canção,
Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar,
Faz vibrar meu coração de amor
a sonhar, minha Olinda sem igual,
Salve o teu carnaval!”
“Voltei, Recife,
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço...”
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